
Saiu no G1 uma reportagem com Ryoki Inoue, recordista em livros publicados. Ao todo são 1.100 títulos, dando-lhe, em 1993, o reconhecimento pelo Guinness, como o homem que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta. Durante a reportagem, Inoue fala sobre o papel ativo do autor para que sua obra se torne conhecida. Segundo ele, espera editora é utópico. Abaixo a íntegra da reportagem (Link original 
AQUI):
                 
 
Esperar editora é utópico, diz autor recordista em livros publicados
Autor de 1.100 livros, Ryoki Inoue decidiu publicar ele mesmo suas obras.
Para editor, livros independentes têm mercado grande e segmentado.
                                                                                                                                                                       Daniel Buarque                                                                                                                                 Do G1, em São Paulo                                                                                       
    
O escritor mais prolífico do mundo cansou de esperar pelas editoras.  Autor de 1.100 títulos e reconhecido em 1993 pelo Guinness como o homem  que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta, Ryoki Inoue já  viu seu nome em obras lançadas pelos maiores grupos editoriais do país,  mas se sentiu desvalorizado, desistiu e resolveu publicar ele mesmo suas  próximas obras, criando uma empresa para fazer isso de forma  independente. “O autor é apenas um ninguém para as editoras”, disse o  escritor, em entrevista ao 
G1.
(Série Como publicar o primeiro livro. A Bienal do  Livro do Rio acontece até 11 de setembro e movimenta o mercado  literário. O G1 publica nesta semana uma série de reportagens sobre o  processo para publicar um livro no país.)
“Cansei de ficar esperando prestações de contas. E também cansei de  esperar que essas grandes editoras fizessem alguma coisa do ponto de  vista de divulgação e marketing”, disse. Em sua empresa, a Ryoki Inoue  Produções, o escritor diz ter um controle maior do processo de  publicação, da divulgação, da distribuição (com vendas especialmente  pela internet) e do retorno financeiro pelos livros vendidos.
Médico, Inoue mudou de profissão e se tornou escritor nos anos 1980.  Ele começou a publicar livros de bolso para leitura rápida, com títulos  de westerns e pequenos romances históricos vendidos em bancas de  revistas. A necessidade de ter uma renda fixa com este trabalho fez com  que desenvolvesse técnica para escrever rápido e conseguir publicar  muitas obras (até 12 livros por semana), o que o fez alcançar a marca de  recordista mundial. Mais recentemente, ele se tornou autor de obras  maiores, como “Saga” (Ed. Globo) e “Fruto do Ventre” (Record), mas não  ficou satisfeito com a relação com as editoras.
     É mais fácil uma boa relação com uma editora pequena do que com uma grande"
   Ryoki Inoue, autor de 1.100 livros
 “As editoras grandes, ditas convencionais, estão preocupadas em  investir só em autores de retorno certo. Um principiante dificilmente  encontra um lugar ao sol”, disse. Segundo ele, a dificuldade em  conseguir falar com os editores é outro motivo que o faz escolher e  incentivar a publicação independente. “É mais fácil uma boa relação com  uma editora pequena do que com uma grande.”
Além de lançar os livros que ele escreve, a produtora de Inoue passou a  investir em lançar livros de outros escritores novos, oferecendo  serviços de consultoria, edição e impressão de trabalhos independentes.  Segundo ele, publicar por grandes grupos editorias só é vantajoso “se o  autor considera como real vantagem a vitrine de livrarias, sim. Mas não é  o acontece, na realidade”, disse.
Ele alega ainda que os escritores devem assumir o papel de principais  divulgadores e vendedores dos seus próprios livros de forma  independente. “Um dentista, para poder trabalhar, tem de investir em seu  consultório. Um escritor tem de investir em seu próprio trabalho.  Esperar que apareça uma editora que invista em sua obra é bastante  utópico.”
Independência total
Um processo semelhante foi seguido pelo professor, jornalista e  escritor pernambucano Álvaro Filho. Autor de quatro livros, ele sempre  fez todo o trabalho de redação, edição e publicação de forma  independente, sem passar por editoras grandes ou pequenas. “Não tive  paciência de procurar”, disse, em entrevista ao 
G1.
     Financeiramente, [uma publicação independente] não faz muita  diferença, pois quem publica por grandes editoras também não ganha muito  dinheiro"
   Álvaro Filho, jornalista e escritor'
 
 Seu projeto mais recente, “Jornalismo para iniciantes”, foi lançado no  ano passado. Trata-se de uma ficção que aborda os princípios do trabalho  jornalístico. “O livro foi todo concebido por mim, desde o texto, a  capa, o contrato com o fotógrafo, o designer para a capa, eu que  organizei tudo”, contou. A obra foi impressa em uma gráfica do Recife  que garante a inscrição de número de série do livro e do código de  barra.
A tiragem inicial foi de mil exemplares, e o custo total foi de R$ 3  mil. Para ele, publicar o livro de forma independente dá mais trabalho,  deixa sua casa bagunçada e cheia de caixas, mas “financeiramente, não  faz muita diferença, pois quem publica por grandes editoras também não  ganha muito dinheiro”, disse. Segundo Álvaro Filho, por mais que o  dinheiro não seja o objetivo final da publicação, é um investimento que  “sempre se paga”. Ele calcula ter vendido cerca de 500 exemplares por  preços em torno de R$ 15, cada (um retorno total de R$ 7.500).
Mercados diferentes
Para Leonardo Simmer, o sócio fundador da editora Multifoco, a vantagem  da publicação independente é que ela apela a um mercado diferente do  das grandes editoras. Apesar de menor e mais segmentado, este mercado é  grande e absorve bem novos escritores. “Edições independentes são  interessantes para autores que vendam até 100 ou 200 livros, que as  grandes não fazem”, disse, em entrevista ao 
G1.
A Multifoco é uma editora especializada em publicações de impressões  limitadas, ajudando a lançar no mercado esses autores independentes.  Enquanto as editoras tradicionais fazem tiragens de no mínimo 3 mil  exemplares, mesmo que a vendagem fique em torno de 500, a Multifoco  chega a editar livros que vendem apenas 30 exemplares. “Trabalhamos com  grande liquidez. Com R$ 16 mil, fazemos 30 títulos diferentes de  pequenas tiragens”, explicou. Assim, disse, eles diminuem o risco de  perder dinheiro com o lançamento e ainda têm retorno mais rápido de que  as editoras que apostam em um único título.
Segundo ele, os projetos chegam pelo e-mail da editora e os autores  recebem um retorno em até duas semanas. “É uma avaliação superficial,  mas conseguimos ver o que nos interessa. Se gostamos, bancamos a  publicação”, disse. “Não custa nada para o autor e ainda fazemos um  trabalho profissional de edição, diagramação e distribuição”, disse.
Segundo Simmer, a editora lança uma média de 40 títulos novos por mês,  buscando segmentar as publicações em selos variados. “Fazemos uma  seleção. Queremos publicar trabalhos feitos com seriedade e bem  apresentados, mas não temos critérios tão rigorosos quanto as editoras  grandes”, explicou. Segundo ele, a editora também aceita prestar  serviços de diagramação e impressão para obras completamente  independentes.